Espetáculo: IN-REAL acontecimentos poéticos (2012)
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Uma casa chamada Selvática. Cozinha, banheiro, salas. Janelas. Corredores, escadas, vãos. Portas. Lugares delimitados e outros de passagem. Os entres. Entre, entre, entre. Entre imagens. As imagens dançantes como acionamento do fluxo dentrofora, do eu e o outro, do passado, presente, futuro no aqui. Aqui e lá. O jardim, a rua, a sacada, a calçada. Um convite: entre!
Entre, por favor, entre.
Entre, fique à vontade, para estar e para, junto daquele que dança, tentar entender o que é habitar, viver. Fique à vontade para ficar o tempo que quiser, transitar de um lugar a outro e também para mexer por dentro se assim surgir a necessidade. Fique à vontade para perceber sua casa corpo.
Entre e sinta o que ainda é desconhecido pelo artista que dança, e só agora pode ser habitado, porque você, público, está aqui. Tua presença – olho, vísceras, pulso – modifica. Modifica a textura da parede da sala, a água da banheira, a terra do jardim, o escuro do quarto, a temperatura da pele.
IN-REAL é convite para artistas e público continuarem elaborando, sentindo, vivendo. É convite para o prosseguir da descoberta do ilimitado universo dos detalhes. Detalhes do corpo vivo que, porque aberto, é espaço. Espaço móvel que é tempo e se tece das memórias e de tudo o que ainda não foi visto e vivido.
IN-REAL é subversivo porque instaura outras temporalidades e espacialidades como lógica de se fazer dança, tanto em seu processo como na sua relação de apresentação com o público. A lógica do borrar e confundir estão presentes, ampliando, embaralhando, problematizando os sentidos e espaços. Não há como ver sem ser visto, tocar sem ser tocado, escolher sem ser escolhido, observar sem dançar. Dançar sem modificar. Estar sem lembrar.
IN-REAL é sem dúvida a provocação de uma experiência complexa em dança que evoca particularidades emergentes do coletivo. Cada artista move uma dança reverberada do habitar que é junto, no entanto distinto, porque elaborada de maneira peculiar. Juliana, Peter, Yiuki, Bel. O verde do jardim desliza no tule da saia que pousa na banheira que lembra a textura da sacada que recua para o som do quarto escuro que desce a escada e na sala da frente reolha os dizeres e as fotos. IN-REAL, em sua abertura, permite que cada um que lá habita crie seus próprios circuitos.
Gladis Tridapalli, integrante da Entretantas Conexões em Dança
É graduada em dança pela Faculdade de Artes do Paraná (FAP). Interessada na criação/composição, improvisação e performance, aprofundou seus estudos no Estúdio Nova Dança em São Paulo, na Casa Hoffmann - Centro de estudos do movimento em Curitiba e como artista residente no Omi Internacional Arts Center em NY, no Dance Theater Workshop no 13th Annual Dancenow/NYC Festival, em NY. Interessada nos revezamentos entre criação e educação fez especialização em Dança Cênica pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) e mestrado em Dança pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). É proponente/criadora dos projetos Attraverso (edital 001/2005 de ocupação dos espaços culturais da Caixa Economica Federal), Samambaia: prima da Monalisa (bolsa Funarte de Estímulo à criação artística-coreografia), De maçãs e cigarros (edital 007/08 de Produção e Difusão em Dança da FCC – Curitiba) e Próximas Dist âncias (prêmio Funarte Klauss Vianna de Dança 2009). É colaboradora de pesquisa de diversos artístas em Curitiba. É professora e pesquisadora do Curso de Dança da FAP (Faculdade de Artes do Paraná em Curitiba), bem como, organizadora da Mostra de dança e do projeto Entrenósoutros - Dança e comunidade. É coordenadora/proponente da Entretantas produções - movimentando ideias.
IMPRESSÕES – por Alessandra Lange
INSTALAÇÕES COREOGRÁFICAS:
- Marcas minhas | Peter Abudi: Ouvi o barulho do vento na janela, a janela que abria e fechava oferecendo tantas possibilidades... o pó da destruição mas também da construção, do velho que se desfaz e do novo que está por vir.
- Begônia-luxuriante (B. inciso-serrrata) | Juliana Adur: O ar gelado do jardim me envolveu com um frescor que só a noite depois de um dia de chuva intensa possui e para minha surpresa, lá estava um girassol aberto e quente como se estivesse no meio de uma tarde de verão entre tantos sem vida e sem movimento. A troca de questões internas com o ambiente, as nossas escolhas.
- Memória presente | Bel Nejur: Me olhei no espelho junto com o seu olhar. Assim do mesmo jeito que a gente faz todos os dias, tendo nosso olhar confundido com o dos outros. Inseguranças, julgamentos, verdades e a eterna busca de respostas que estão dentro da gente.
- No entre | Yiuki Doi: Me encantei mais uma vez com a leveza da sensibilidade que só alguns possuem....esse espírito que fica no ENTRE das coisas, fora e dentro, em equilíbrio. Aquele que consegue mostrar o interno profundo com o olhar do mundo.
SOBRE A OBRA: A iluminação, a trilha, os figurinos, fotografias, vídeos, ilustrações, a produção e a direção respiram poesia. Vivi acontecimentos que se transformaram em pensamentos poéticos. Visitei a minha casa através dos olhos de vocês.
Alessandra Lange, bailarina do Balé Teatro Guaíra
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